10 perguntas sobre o Confiança – Centro Cívico e Cultural

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1. O que é o Confiança CCC?

É um coletivo de interesses culturais e cívicos diversificados disponíveis para ativar a antiga Fábrica Confiança tornando-a num sítio vibrante, com reflexos também na envolvente próxima, não só salvaguardando como valorizando o património material e imaterial que a fábrica representa. Será um espaço aberto e disponível para todos garantindo uma utilização em permanência de atividades cívicas e culturais, com a flexibilidade necessária para acolher manifestações de outras origens e formatos. Conseguirá suprir lacunas já identificadas quer pelos agentes culturais quer pela Câmara Municipal oferecendo, nomeadamente, locais para exposições de média ou grande dimensão. Pretende ter uma presença cultural e cívica ativa com forte enraizamento na comunidade local e será um espaço dedicado à democratização da cultura, disponível e aberto, acolhedor, sensível ao espírito dos tempos. O Confiança CCC acrescentará um layer novo, ainda inexistente, ao tecido cultural da cidade e juntar-se-á rede dos já muitos espaços industriais convertidos em equipamentos culturais em Portugal e pelo mundo fora.

2. Quais as associações que querem criar o Confiança CCC? Quais as suas áreas de atuação?

A intenção de avançar com o Confiança CCC parte das 20 entidades bracarenses que formam a Plataforma Salvar a Fábrica Confiança e que abrangem inúmeros domínios desde as mais diversas formas artísticas e lúdicas (fotografia, dança, teatro, música, cinema, artes plásticas, jogos de tabuleiro, etc), à intervenção cívica e defesa do património. Estas entidades identificaram um conjunto de potencialidades no edifício da Fábrica Confiança. Não se pretende que o espaço sirva para sede de associações ou que funcione como um seu clube. Assim, será criada uma entidade jurídica nova a que caberá a gestão e a candidatura a fundos para a reabilitação e dinamização do espaço. Esta entidade deverá abrir a participação a todos os cidadãos, associações interessadas, fundações, etc., nacionais ou internacionais.

3. Outras associações podem juntar-se ao projeto?

Sim, nesta fase estamos a apresentar o embrião do projeto. A partir daqui a proposta do Confiança CCC será apresentada a mais entidades locais e nacionais. Todas as colaborações, ideias e propostas serão necessárias para que o Confiança CCC seja uma realidade. Além das associações cívicas e culturais de Braga, é preciso ter em conta que existem dezenas de núcleos e grupos que funcionam na vizinha Universidade do Minho e cujo âmbito de ação coincide com a missão proposta para o Confiança CCC. Está também a ser preparada uma apresentação do projeto do Confiança CCC em Lisboa de forma a que esta iniciativa tenha impacto nacional e que possa servir de exemplo de movimento cívico e cultural para outros pontos do país.

4. Existem espaços em Portugal que sigam o modelo de organização que propõem?

Existem inúmeros espaços que nos podem inspirar para desenvolver o Confiança CCC, como é o caso do Centro para os Assuntos da Arte e Arquitetura (Guimarães), do Silos Contentor Criativo (Caldas da Rainha), da Oliva Creative Factory (São João da Madeira) ou das Carpintarias de S. Lázaro (Lisboa). No entanto, cada um destes exemplos tem uma génese diferente. Alguns destes espaços são geridos por associações, outros pelas próprias autarquias. Há casos onde o projeto assentou em financiamento de milhões e outros em que o investimento foi residual. No caso da Confiança, o ponto de partida são os agentes culturais e cívicos de Braga que estão a desenvolver uma proposta para ocupar e dinamizar o espaço da Fábrica Confiança para o tornar num novo pólo de atração da cidade. É um movimento cívico e cultural que se pretende construir da base para o topo.

5. Que envolvimento esperam da Câmara de Braga?

O Confiança CCC necessita do alinhamento da autarquia no objetivo de criação de um equipamento cívico e cultural, disponibilizando o edifício. A Câmara Municipal tem afirmado publicamente que não tem verba para transformar a histórica Fábrica Confiança num equipamento cultural tal como previsto na sua expropriação em 2012. O Confiança CCC pretende ultrapassar esse impasse, contando com os agentes culturais para dinamizar e angariar apoios, e assumindo, ao mesmo tempo, a gestão e programação do edifício durante um período a negociar. A proposta inicial é que a autarquia ceda o edifício por um período de 10 anos, o que permite consolidar o projeto do Confiança CCC e integrá-lo na candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura 2027. Este é um projeto que funcionará independentemente dos apoios financeiros por parte da autarquia, sendo que todo o apoio e colaboração serão, como é óbvio, muito bem-vindos.

6. Qual a área de influência do Confiança CCC? Por que é necessário um espaço com estas características?

Os principais espaços culturais de Braga (Theatro Circo, GNRation, Fórum e – o futuro – S. Geraldo), são geridos diretamente pela autarquia. São espaços que passaram ou vão passar por obras de recuperação com custos elevados. A lógica de programação conta com um exigente corpo de recursos humanos e financeiros e obedece à orientação de um diretor de programação e à programação de agentes culturais empresariais de âmbito nacional. A maioria dos equipamentos culturais da cidade situa-se no seu centro histórico. O concelho de Braga não dispõe de nenhum espaço de grande dimensão com uma programação transversal a públicos diversificados, mais flexível e informal, mais próxima dos cidadãos e das comunidades, que reflita a pluralidade sócio-cultural do concelho. O projeto Confiança CCC reflete um concelho onde vivem 200 mil pessoas e uma freguesia (S. Vítor) com mais de 31 mil habitantes. Neste tecido urbano denso situam-se realidades sociais e económicas tão diversas como o Bairro da Alegria, as Enguardas, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, a Gulbenkian, a Escola Francisco Sanches, o Parque Desportivo da Rodovia ou a Universidade do Minho. Só no Campus de Gualtar a Universidade do Minho conta com cerca de 14000 utilizadores. Também a poucos metros da Fábrica Confiança se situa o centro comercial Braga Parque que, segundo os responsáveis, conta com oito milhões de visitantes ao ano. Mas pela sua localização e propósito, o Confiança CCC será um novo polo cívico e cultural, não só da parte Oriental da cidade, como também regional.

7. Quanto vai custar o Confiança CCC?

O modelo de recuperação da Fábrica Confiança é o da reabilitação progressiva. Propõe-se uma intervenção faseada, que desde já interrompa o ciclo de degradação progressiva do edifício, através de uma intervenção mínima para contenção e proteção. Logo de imediato, pretende-se dotar a Confiança de condições de segurança que permitam a abertura de alguns espaços e percursos à visitação pública e escolar. A reabilitação do espaço exterior será igualmente considerada, de forma a abri-lo tanto a atividades locais e regulares como a eventos excecionais. Este tipo de intervenções será realizado a custos baixos, não só porque utiliza soluções económicas e sustentáveis, como recorrerá a voluntariado e mecenato de diversa natureza. Simultaneamente, serão elaboradas e submetidas candidaturas a fundos nacionais e europeus – existem várias linhas disponíveis – visando intervenções mais profundas. Não se trata de um projeto megalómano e caro. Trata-se, antes, de conceber uma intervenção exequível e inteligente, que extraia da Confiança o seu melhor, sem recorrer a um investimento desproporcionado. Talvez o edifício mais icónico desta filosofia seja o Palais de Tokyo, em Paris, espaço cultural que aproveita um antigo pavilhão da cidade devoluto com o mínimo de intervenção. Em Portugal, a instalação do MUDE – Museu do Design de Lisboa na antiga sede do BNU seguiu a mesma filosofia. Mas podemos também assinalar o CAAA, em Guimarães, cuja reabilitação coube a uma associação local e que mantém uma atividade permanente desde 2012. A exemplar recuperação das Carpintarias de S. Lázaro, propriedade da Câmara Municipal de Lisboa, que acabam de abrir ao público, seguiu uma regra simples: consolidar o existente e acrescentar apenas o essencial. Estes são apenas alguns dos inúmeros exemplos que comprovam a inequívoca capacidade de concretização resultante da ação combinada entre a sociedade civil e o poder político.

8. Para que o Confiança CCC consiga abrir o mais rapidamente possível ao público o que é necessário?

A condição base é que a Câmara Municipal de Braga disponibilize o edifício para que se dê início à implementação do projeto Confiança CCC. A partir daí poderá começar o processo de limpeza e primeira reabilitação, de forma a que parte do edifício possa ser disponibilizado para o uso da comunidade. O primeiro teste ao projeto será a realização de um evento no próximo dia 12 de Outubro, dia em que a Confiança assinala o seu 125ª aniversário.

9. Como é que vão conseguir financiar a abertura do Confiança CCC?

O arranque do Projeto Confiança CCC a tempo de celebrar efusivamente o 125º aniversário da Fábrica Confiança implica um investimento residual. Vários agentes culturais da cidades estão interessados em participar num evento que, além de recordar a história e memória da cidade, sirva já como teste ao que poderá ser esta etapa inicial do projeto Confiança CCC.

10. Como é que irá organizar-se o Confiança CCC em termos de programação e atividade?

Ainda é prematuro afirmar categoricamente qual será o modelo de organização a ser implementado. Existem vários modelos em cima da mesa. O modelo irá depender do perfil das associações e entidades que quiserem juntar-se ao Confiança CCC e ao modelo de negócio necessário para viabilizar a sua atividade. Além disso, existem vários cenários para conseguir financiamento para dinamizar o Confiança CCC: candidaturas a fundos nacionais, internacionais e comunitários, mecenato, apoios ou campanhas de recolha de fundos. A sua política será definida progressivamente, à medida que se consolide um modelo que certamente terá direções eleitas democraticamente e que imprimirão ao Confiança CCC o perfil cívico e cultural esperado.

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