CRONOLOGIA DA POLÉMICA

Cronologia do processo de aquisição e salvaguarda da Confiança e da recente proposta polémica de venda (com documentação que demonstra as contradições flagrantes)

1894
Fundação da Fábrica por Rosalvo da Silva Almeida e Manuel dos Santos Pereira com a firma “Silva Almeida & C.ª”, na Rua Nova de Santa Cruz, em Braga
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1921, julho
A sociedade passa a designar-se Saboaria e Perfumaria Confiança e inicia-se no mesmo local a construção de um novo edifício segundo projeto do Arq. José da Costa Vilaça (o edifício atual)

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1923
É publicado o livro “As Indústrias de Braga” pelo jornalista Manuel Araújo, com fotografias e descrição das novas instalações, editado pela Tipografia da Pax


1944
É publicado o livro «Confiança – Breves Notas da Sua História»

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1945
Ampliação para o lado nascente
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Anos 50
O complexo da Saboaria atinge a sua dimensão máxima que se manteria até ao início do séc. XXI
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2000-2005
Sucedem-se diversas demolições na parte norte do complexo


2003
O ProjetoBragaTempo requer a Classificação como Bem Cultural da Fábrica Confiança à Direção Regional do Porto do antigo IPPAR. O pedido é instruído com documentação, fotografias, plantas e 4 pareceres favoráveis à classificação:
– TICCIH – The International Commitee for the Conservation of the Industrial Heritage (elaborado por José Manuel Lopes Cordeiro)
ASPA (elaborado por Miguel Bandeira)
– Rui Prata (então diretor dos Encontros da Imagem)
– Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho (elaborado por Francisco Sande Lemos).

2003parecerASPA.jpgPARECER DE MIGUEL BANDEIRA – «[…] Por todos os motivos expostos, aos quais poderemos ainda adicionar as propriedades físicas do imóvel, sua localização e área de afectação, o complexo arquitectónico da Fábrica ‘Confiança” apresenta-se com um valor patrimonial digno de superior classificação, que deverá ser legado às gerações futuras como memória exemplar da evolução da indústria na cidade de Braga, reunindo potencialidades para se constituir num equipamento cultural privilegiado da cidade, ou possa ser merecedor de uma intervenção susceptível de valorizar os testemunhos que incorpora.


2003 julho
Primeiro debate sobre o Futuro da Confiança organizado pelo ProjetoBragaTempo n’A Brasileira – apresentação de um anteprojeto de adaptação do imóvel a equipamento cultural

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2004 abril
A Direção Regional do Porto do antigo IPPAR pronuncia-se favoravelmente à classificação da Fábrica Confiança como imóvel de interesse municipal, remetendo um ofício nesse sentido à Câmara Municipal de Braga.

Considerando as características do imóvel e da área envolvente, muito transformada recentemente, julgo que se justificaria uma eventual classificação como imóvel de interesse municipal.


2004 dezembro
Lançamento do livro «Os Dias da Confiança», pela Fundação Bracara Augusta no âmbito da coleção Cidade Bimilenar – dir. Eduardo Jorge Madureira [2ª edição em 2008]

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2005
A fábrica abandona definitivamente o edifício da Rua Nova de Santa Cruz instalando-se num armazém fora da cidade.


2009
Em 2009 foi criada por José Coimbra (bisneto de um dos fundadores) uma petição intitulada “Salvemos o Edifício da Fábrica Confiança” dirigida à Câmara Municipal de Braga e aos partidos políticos que recolheu mais de 1000 assinaturas em poucas semanas.

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«Os abaixo-assinados vêm, por este meio, solicitar a todos os partidos políticos concorrentes às próximas eleições autárquicas e ao executivo camarário que delas resulte, se dignem assumir o compromisso de envidar todos os esforços no sentido de salvaguardar o edifício da Fábrica Confiança, respeitando o seu valor histórico e arquitectónico e transformando-o num Centro Cultural integrando diversas valências e colocado ao serviço da população bracarense.»

 


2011, novembro
Inicia-se o processo de aquisição da imóvel pela Câmara Municipal de Braga com vista à sua adaptação a equipamento cultural; falhadas as negociações com a sociedade proprietária, seguiu-se a expropriação por utilidade pública [LER DIÁRIO DA REPÚBLICA].

Na fotografia, a visita à Fábrica pela Coligação Juntos Por Braga, então na oposição, e que ganharia as eleições de 2013 – entre outros: Ricardo Rio (atual Presidente), Firmino Marques (atual Vereador) e Miguel Bandeira (atual Vereador).

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Correio do Minho, 2011-11-25: «E ideias não faltam a Ricardo Rio: “deve incluir, desde logo, uma museu da história de Braga e um espaço para o museu da Confiança; poderá ter um espaço para exposições; poderá acolher a sede do Cineclube de Braga; poderá ter balcões de serviços públicos ligados ao próprio município e também à Junta de S. Victor”. Ricardo Rio diz até que ali poderá nascer um espaço para incubação de empresas, e não perde vista a necessidade de rentabilizar o projecto.»


2011, dezembro
Antecipando o Concurso de Ideias, Ricardo Rio, vereador da Oposição, no seu blogue bracara2009.blogspot.com, apela ao envio de sugestões sobre a Fábrica Confiança!

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2012, janeiro
Concurso de Ideias organizado pela Câmara Municipal de Braga com a participação de 77 equipas, sendo apurados 4 vencedores

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COMUNICADO DE ABERTURA DO CONCURSO : “Refira-se que o Município de Braga, ao adquirir este espaço fê-lo com a intenção de «promover a preservação do património e da memória industrial bracarense», num contexto de regeneração urbana e dinamização económica da zona em que o edifício se encontra implantado. A Câmara Municipal de Braga propõe-se disponibilizar no imóvel «valências que possam ser fruídas pela população, como serviços públicos ou equipamentos culturais», assegurando, de igual forma, «a rentabilização parcial do investimento municipal»” (…) [LER NA ÍNTEGRA]

 


2012, agosto
Exposição dos trabalhos do Concurso de Ideias para o Edifício da Antiga Fábrica Confiança

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2013
Debates sobre o futuro da Fábrica Confiança intitulados «Uma Questão de Confiança», após a sua aquisição pela Câmara de Braga, organizados pelas associações Braga+ e pela JovemCoop.
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intervenção de Ricardo Rio no 1º debate (16 de janeiro de 2013):


2013, setembro
Campanha para as Autárquicas de 2013 – Ricardo Rio explica o processo consensual de salvaguarda e aquisição da Fábrica Confiança


2014
Comemoração dos 120 anos da Saboaria e Perfumaria Confiança – notícia no Jornal Público
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2017
Lançamento do livro “Uma História de Confiança“, de Nuno Coelho – relata a história da Confiança desde a sua fundação até ao presente.

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2018-03-29
Em reunião de Câmara é aprovada, por unanimidade, a seguinte recomendação:

RECOMENDAÇÃO – FÁBRICA CONFIANÇA: Submete-se à apreciação do Executivo Municipal uma recomendação – Fábrica Confiança, no sentido de recomendar ao Governo, com base nestes pressupostos, a alocação de verbas específicas para reabilitação urbana afetas ao Município de Braga, no âmbito da reprogramação do Portugal 2020 em curso, que permitam proceder ao objetivo almejado de reabilitação da antiga fábrica Confiança, recomendação que se anexa. “Deliberado aprovar. [LER ATA DA REUNIÃO DE CÂMARA]


2018-09-14 – 20h
É confirmada a intenção da Câmara Municipal de vender o imóvel da Fábrica. A Câmara disponibiliza a Proposta e o respetivo Caderno de Encargos [LER NA ÍNTEGRA].


2018-09-14 – 21h30
Debate “Qual o Futuro da Confiança?” organizado pela Junta de Freguesia de S. Victor


2018-09-19
A Câmara Municipal de Braga em reunião aprova a proposta de venda do imóvel da antiga Fábrica Confiança em hasta pública com apenas 5 votos a favor (incluindo de Ricardo Rio, Firmino Marques e Miguel Bandeira) e 4 votos contra. [VER ATA NA ÍNTEGRA, INCLUINDO INTERVENÇÃO DO PÚBLICO]. A proposta segue para ratificação na Assembleia Municipal.

DECLARAÇÃO DE VOTO DE FIRMINO MARQUES E MIGUEL BANDEIRA «Os dois Vereadores pugnando pela defesa do Património cultural e, de forma particular, o de referência Industrial do Concelho de Braga, especificamente a memória da Saboaria e Perfumaria CONFIANÇA associada àquele espaço, garantida que está a salvaguarda do património pelas condições impostas pelo “caderno de encargos” associado à alienação em causa, nomeadamente, a garantia da manutenção das fachadas arquitectónicas do estabelecimento, a reposição do símbolo fabril respeitante à antiga chaminé, a volumetria com a sua cobertura, e dentro desta a reserva de um espaço de 500 metros quadrados, que possa servir de memória daquela importante Unidade Industrial Bracarense […] Por esses motivos, e mantendo a coerência com os princípios éticos e políticos que norteiam a salvaguarda do património cultural bracarense, votam favoravelmente a alienação daquele espaço com o objetivo último de se proceder à sua reabilitação.»


2018-09-27 – 21h30
Debate “Qual o Futuro da Confiança? 2ª parte – A venda a privados acautela o património industrial?” organizado pela Junta de Freguesia de S. Victor, Braga+, Jovemcoop e Velha-a-Branca
Convidados: José Manuel Lopes Cordeiro (arqueologia industrial), José António Lameiras (urbanista) e Miguel Malheiro (APRUPP)
Conclui-se que as condições da proposta de venda pela Câmara a privados não só não asseguram um destino cultural ao complexo industrial (razão da sua expropriação pela Câmara Municipal), como também significam a destruição do património industrial existente.


2018-10-04
Assembleia Municipal de Braga aprova a proposta de venda da Fábrica Confiança, vendo-se na fotografia do Diário do Minho os membros que votaram a favor.

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fotografia de Francisco Assis, DM


2018-10-22
O vereador Firmino Marques, antigo presidente da Junta de S. Vítor que durante os seus mandatos defendeu sistematicamente a preservação da Fábrica Confiança, aprova o «Regulamento para Alienação em Hasta Pública do edifício propriedade do Município de Braga, denominado ‘Fábrica Confiança’».


2018-10-23
Na Assembleia da República, a Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto aprova por UNANIMIDADE, o Requerimento do BE para que a Comissão visite com urgência as instalações da antiga Fábrica Confiança.

“No documento entregue na Assembleia da República, o Bloco de Esquerda salienta que “a Confiança é um marco não só desta cidade, mas também do país, sendo responsável por sabonetes icónicos cuja imagem até hoje ainda perdura”. “Muitas gerações de trabalhadores e trabalhadoras passaram pela Confiança. A sua memória inscreve-se na história da indústria portuguesa, da cultura operária, do urbanismo e da sociedade bracarense. O edifício, pela dimensão, pela traça e pela forma de inserção no tecido urbano, é um significativo exemplar da arquitetura industrial da época”, defende o Bloco de Esquerda.”


2018-10-31
A maioria na Câmara Municipal de Braga com o intuito de boicotar as propostas de classificação do complexo industrial da Confiança como imóvel de interesse municipal apresentadas pela Oposição (CDU e PS), aprova a proposta fachadista de classificação de apenas 3 fachadas do edifício e da “forma” do edifício principal, abrindo portas, assim, à total destruição do complexo em violação de todas as recomendações nacionais e internacionais para a salvaguarda dos edifícios industriais.