Explicado às Crianças e aos Jovens

A Saboaria e Perfumaria Confiança, conhecida como Fábrica Confiança era uma unidade industrial de produção de sabonetes – os sabonetes Confiança -, sabão e produtos de higiene onde trabalharam muitas pessoas de Braga. Hoje funciona em Vila do Conde e deixou livre o grande edifício na Rua Nova de Santa Cruz em Braga.

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Em 2013, a Câmara Municipal de Braga comprou o antigo edifício, por considerar que era único, representativo do património industrial do início do séc. XX  e, como tal, de grande importância cultural para a cidade. Essa decisão foi apoiada por Ricardo Rio, que nessa altura estava na oposição e hoje é o presidente da Câmara de Braga.

A Fábrica Confiança foi comprada para preservar a memória industrial, manter o material usado no fabrico de sabonetes, e, como a fábrica é muito grande, para criar espaços onde funcionem atividades culturais. Foi com esses argumentos que Ricardo Rio defendeu a compra da Fábrica Confiança. E muito bem!

Em 2012, a Fábrica Confiança foi expropriada (comprada à força) pela Câmara Municipal de Braga, por 3 milhões e 600 mil de euros.

Agora, em 2018, Ricardo Rio é o presidente da Câmara de Braga.

No início de setembro de 2018 foi anunciada a intenção, da parte da Câmara, de vender a Fábrica Confiança. A surpresa foi total por parte de quem acompanha a vida da cidade, se preocupa com o interesse público e o desenvolvimento cultural do concelho.

Em poucos dias começou a surgir um movimento de cidadania em defesa da fábrica Confiança, que juntou  a Junta de Freguesia de S. Victor, diversas associações (Velha-a-Branca, ASPA, JovemCoop e Braga Mais), partidos políticos e pessoas preocupadas com a cidade.

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Muita gente estranha que tantos bracarenses, alguns que nem se conheciam, se juntem agora para defender aquilo que Ricardo Rio defendia em 2013: manter a fábrica Confiança como bem público (de todos nós) para que, o mais cedo possível, se torne um espaço cultural a utilizar por crianças, jovens e adultos, numa cidade onde há ensino da dança e da música em escolas públicas e há, também, tantos grupos musicais, de teatro, dança, sem que existam espaços públicos informais que possam usar para os seus espetáculos, performances, experiências artísticas ou exposições. Onde não há um grande museu, como existe noutras cidades. Onde não existe um local que possa apresentar-nos as inúmeras unidades industriais que existiram em Braga, em particular em São Victor, lembrando as centenas de pessoas que lá trabalharam.

Foram várias as iniciativas que se organizaram, até agora, para defender a fábrica Confiança: a petição em papel e online “Pela Não Alienação da Fábrica Confiança”, dois debates promovidos pela Junta de Freguesia de S. Victor, em que participaram várias associações,  notícias para os jornais e rádio (lê e vê aqui), conferência de imprensa dos partidos políticos junto à Confiança, etc.

Os cidadãos unidos em defesa da Confiança usam meios democráticos para pressionar a instituição “Câmara Municipal de Braga” a repensar a venda da Confiança. E não desistem!

Cinco vereadores da Coligação Juntos por Braga, que lideram a Câmara Municipal cidade até 2020, votaram a favor da venda da fábrica Confiança. Os quatro vereadores dos partidos da oposição, que são em menor número, perderam a votação. Agora a proposta da venda segue para a Assembleia Municipal que a vai analisar e os deputados municipais vão votar. A decisão final dependerá do número de votos a favor ou contra a venda da fábrica Confiança.

Se os deputados municipais forem responsáveis (foram eleitos pelos bracarenses maiores de 18 anos, nas autárquicas de 2017), procurarem conhecer as razões que levaram à compra da Confiança e perceberem que Braga precisa manter aquele espaço como público, pois interessa a todos e em especial à cidade, uma vez que se pretende candidatar a Capital Europeia da Cultura e já é Cidade Criativa da UNESCO na área das Media Arts, então irão votar contra a venda da Fábrica Confiança. É essa a esperança do movimento de cidadania que se uniu em defesa deste património industrial importante para Braga.

E a cidadania não terminará aqui! Mais iniciativas serão desenvolvidas para impedir que a Confiança deixe de ser de todos nós.

Sabemos que cidadania é um modo de estar perante os outros, que implica defender os direitos humanos, exigir a igualdade de oportunidades para homens e mulheres, aceitar a diversidade cultural e religiosa, ter atitudes que contribuam para a dignidade humana e conservação da natureza, combater a pobreza e desigualdades e contribuir para a justiça social, etc.  

Cidadania também é procurar a informação sobre problemas locais e agir, participando em movimentos que que defendem problemas do nosso tempo e do nosso interesse, neste caso para manter a Confiança como bem público. Ao fazê-lo, valorizam o bem-estar da comunidade à qual pertencem.

Há dúvidas quanto a razão, pela qual, se uniram tantas pessoas em defesa da Confiança?

Se estás informado/a transmite aos teus amigos  e à tua família. Para que todos, em conjunto, possam contribuir para o desenvolvimento da nossa cidade.

E procura saber se já assinaram a petição online. Não te esqueças.