Sessenta e cinco descendentes e familiares de Manuel dos Santos Pereira e Rosalvo da Silva Almeida, que fundaram a Saboaria e Perfumaria Confiança em 1894, lançam um apelo ao presidente da Câmara Municipal de Braga para que suspenda a gasta pública de alienação do edifício, agendada para 30 de Abril.
“O imóvel deve continuar na esfera pública, constituindo um centro interpretativo da memória da fábrica e de outras unidades industriais já desaparecidas e um espaço dedicado às artes e à cultura. Foi aliás essa a razão pela qual foi adquirido pelo Município de Braga em 2011/2012 através de um processo de expropriação por utilidade pública com o propósito expresso de ser reabilitado e no âmbito de um consenso alargado quanto à salvaguarda deste marco da indústria bracarense e portuguesa”, defendem os membros da família.
“Para além da qualidade dos seus produtos, do seu aroma e textura inigualáveis, do fabuloso design inovador dos seus rótulos e embalagens, a Confiança marcou a cidade de Braga também pelas condições de trabalho que proporcionou aos seus operários”, refere a mesma missiva dos fundadores da fábrica, que destaca ainda que a par da componente industrial, a Confiança contribuiu para “o enriquecimento cultural dos seus trabalhadores, muitos antigos operários lembram ainda hoje as festas, os espetáculos e as sessões de cinema”.
A família considera por isso que “é em nome dessa memória, que, no caso particular, se funde com a nossa memória familiar e com o orgulho que sentimos em sermos descendentes dos dois jovens visionários que em 1894 fundaram a Confiança,que apelamos ao senhor Presidente da Câmara de Braga para que suspenda a venda em hasta pública prevista para o próximo dia 30 e se sente à mesa com as associações culturais bracarenses reunidas na plataforma Salvar a Fábrica Confiança no sentido de encontrar um destino para o imóvel digno do seu passado e daquilo que significa para a memória coletiva dos bracarenses”.
A Plataforma Salvar a Fábrica Confiança apresentou recurso no Tribunal Central Administrativo Norte da decisão relativa à providência cautelar. Ao mesmo tempo decorre a ação principal onde se apontam várias ilegalidades, entre elas a violação do PDM, no processo de venda da Fábrica Confiança a privados. Entretanto, está a decorrer na Direção-Geral do Património Cultural o processo de classificação da antiga Fábrica Confiança. A Câmara de Braga expropriou o edifício para o transformar num equipamento cultural aberto à cidade. Essa intenção foi defendida pela coligação PSD/CDS quando ganhou as eleições de 2013. Os restantes partidos também eram e são favoráveis à manutenção do edifício na esfera municipal. O investimento na aquisição da Fábrica Confiança encontra-se integralmente pago, não constituindo qualquer encargo para o Município de Braga. A alienação a privados constitui um ato irreversível, representará uma perda inestimável para a Cidade e para o País.
Na foto: Rosalvo da Silva Almeida e Manuel dos Santos Pereira
Leia o comunicado da família a seguir:
Salvar a Memória, Salvar a Confiança
Fundada em 1894 pelos nossos antepassados Manuel dos Santos Pereira e Rosalvo da Silva Almeida, a Saboaria e Perfumaria Confiança foi sempre um motivo de orgulho para a nossa família, para a cidade de Braga, cujo nome levou a todo o lado, e para o nosso país que tão bem representou internacionalmente.Para além da qualidade dos seus produtos, do seu aroma e textura inigualáveis, do fabuloso design inovador dos seus rótulos e embalagens, a Confiança marcou a cidade de Braga também pelas condições de trabalho que proporcionou aos seus operários. Rosalvo de Almeida, em entrevista concedida em 1928 ao jornalista Manuel Araújo para o livro “Indústrias de Braga”, referia esse aspeto fundamental em que a Confiança se distinguia: “A nossa casa é das poucas que dispensa ao operário um carinho especial, procurando rodeá-lo da melhor e da mais eficaz assistência moral e material”. Especifica mais adiante que, “a título de prémio”, lhe são oferecidas várias regalias e também dispõe de médico “tanto para ele como para a família”, acrescentando: “Além disto, pagamos, em caso de doença e por tempo indeterminado, o ordenado por inteiro”, sublinhando também a excecionalidade deste procedimento: “Por aqui não há outra fábrica que faça o mesmo”.
As virtudes da Confiança, acima referidas por um dos seus fundadores e comprovada por todos que, de um ou de outro modo, se relacionaram com esta grande empresa bracarense, alargaram-se também ao enriquecimento cultural dos seus trabalhadores, muitos antigos operários lembram ainda hoje as festas, os espetáculos e as sessões de cinema. Tudo o que foi referido anteriormente revela a importância da Perfumaria e Saboaria Confiança e acentua a necessidade da salvaguarda e recuperação do edifício, último exemplar urbano da arquitetura industrial do século XX. Na nossa opinião, o imóvel deve continuar na esfera pública, constituindo um centro interpretativo da memória da fábrica e de outras unidades industriais já desaparecidas e um espaço dedicado às artes e à cultura. Foi aliás essa a razão pela qual foi adquirido pelo Município de Braga em 2011/2012 através de um processo de expropriação por utilidade pública com o propósito expresso de ser reabilitado e no âmbito de um consenso alargado quanto à salvaguarda deste marco da indústria bracarense e portuguesa.
Do mesmo modo que aplaudiram à época a aquisição do edifício com o objetivo de o colocar ao serviço da cultura e da preservação da memória da fábrica, os descendentes, e respetivos cônjuges, de Manuel dos Santos Pereira e Rosalvo da Silva Almeida,abaixo nomeados, contestam a sua alienação a privados, considerando-a uma perda irreparável para a memória cultural da cidade de Braga.
Em nome dessa memória histórica, que, no caso particular, se funde com a nossa memória familiar e com o orgulho que sentimos em sermos descendentes dos dois jovens visionários que há 125 anos fundaram a Confiança, apelamos ao senhor Presidente da Câmara de Braga para que suspenda a venda em hasta pública prevista para o próximo dia 30 e se sente à mesa com as associações culturais bracarenses reunidas na plataforma Salvar a Fábrica Confiança e se empenhe, juntamente com todos os que já se mostraram interessados, em encontrar um destino para o imóvel digno do seu passado e daquilo que significa para a memória coletiva dos bracarenses.Braga, 22 de abril de 2019
Os Descendentes e demais Familiares:
Maria Augusta Moreira de Castro Pereira Barbosa
(viúva de Manuel Maria Pereira Barbosa, neto de Manuel dos Santos Pereira)
Fernando Henrique Martins Peixoto d’Almeida
(neto de Rosalvo da Silva Almeida) e
Maria do Carmo Rebelo Martins da Cruz Peixoto d’ Almeida
João Alexandre Peixoto de Almeida
(neto de Rosalvo da Silva Almeida) e
Maria Francisca Maia
João Maria Martins de Almeida
(neto de Rosalvo da Silva Almeida) e
Natália da Liberdade Silvério Sampaio Almeida
José Rosalvo Martins Peixoto de Almeida
(neto de Rosalvo da Silva Almeida) e
Ana Maria da Silva Lopes Peixoto de Almeida
Maria da Conceição Sousa Lamosa Pereira
(viúva de António Manuel Almeida Seara, neto de Rosalvo da Silva Almeida)
Maria do Rosário Martins Peixoto de Almeida de Oliveira Vale
(neta de Rosalvo da Silva Almeida) e
Joaquim José de Oliveira Vale
Maria Helena Peixoto de Almeida
(viúva de Augusto Eduardo Peixoto de Almeida, neto de Rosalvo da Silva Almeida)
Maria José Martins Peixoto de Almeida Soares
(neta de Rosalvo da Silva Almeida) e
Manuel Jorge de Araújo Ferreira Soares
Rosalvo Martins de Almeida
(neto de Rosalvo da Silva Almeida) e
América Maria Santos Graça Almeida
Albino Manuel Barbosa Queirós
(bisneto de Manuel dos Santos Pereira) e
Maria Liseta Nico Vardasca Barbosa Queirós
Afonso Martins de Sousa Peixoto de Almeida
(bisneto de Rosalvo da Silva Almeida)
Ana Martins de Sousa Peixoto de Almeida
(bisneta de Rosalvo da Silva Almeida) e
Bernardo Maia do Lago Cruz
André Lamosa de Almeida Seara
(bisneto de Rosalvo da Silva Almeida)
António Maria de Saavedra Pereira Barbosa
(bisneto de Manuel dos Santos Pereira) e
Maria José Camarinha Ferreira da Silva Saavedra Barbosa
Carolina Beatriz Martins da Cruz Peixoto d’Almeida Bozovic
(bisneta de Rosalvo da Silva Almeida)
Cecilia Maria Alves Torres Martins
(viúva de Joaquim Manuel Coimbra e Sousa Barbosa, bisneto de Manuel dos Santos Pereira)
Eduardo Rui Martins da Cruz Peixoto d’Almeida
(bisneto de Rosalvo da Silva Almeida)
Henrique Alexandre Martins da Cruz Peixoto d’Almeida
(bisneto de Rosalvo da Silva Almeida)
João Alexandre de Saavedra Pereira Barbosa
(bisneto de Manuel dos Santos Pereira) e
Branca Alberta Pinto Marques de Oliveira
João Luís Coimbra e Sousa Barbosa
(bisneto de Manuel dos Santos Pereira)
José António Coimbra e Sousa Barbosa
(bisneto de Manuel dos Santos Pereira) e
Maria Eduarda de Faria Peixoto e Sousa Barbosa
José Manuel Barbosa Queirós
(bisneto de Manuel dos Santos Pereira) e
Maria Teresa Aniceto Caldeano Queirós
José Miguel Lopes Peixoto de Almeida
(bisneto de Rosalvo da Silva Almeida) e
Joana Patrícia Rodrigues Félix Peixoto de Almeida
Luís Jorge Peixoto de Almeida Soares
(bisneto de Rosalvo da Silva Almeida)
Manuel Augusto de Castro Pereira Barbosa
(bisneto de Manuel dos Santos Pereira) e
Helena Margarida Ramos Lerhfeld Pereira Barbosa
Maria do Céu Sampaio Almeida de Sousa
(bisneta de Rosalvo da Silva Almeida)
Maria Eugénia de Saavedra Pereira Barbosa
(bisneta de Manuel dos Santos Pereira)
Maria Luísa Barbosa de Melo
(bisneta de Manuel dos Santos Pereira)
Maria Martins de Sousa Peixoto de Almeida
(bisneta de Rosalvo da Silva Almeida) e
Nuno Daniel Duarte Fernandes
Maria Teresa de Castro Pereira Barbosa Freire de Andrade
(bisneta de Manuel dos Santos Pereira)
Pedro Almeida Seara dos Ramos
(bisneto de Rosalvo da Silva Almeida)
Sebastião de Almeida Maia
(bisneto de Rosalvo da Silva Almeida)
Ana da Cunha Pimentel Pereira Barbosa
(trineta de Manuel dos Santos Pereira) e
Vasco Ezequiel Ferreira de Oliveira Pedrosa
Branca Oliveira Saavedra Barbosa
(trineta de Manuel dos Santos Pereira)
Duarte Barbosa Teixeira de Melo
(trineto de Manuel dos Santos Pereira) e
Ana Margarida Fernandes de Oliveira
Filipa Barbosa Teixeira de Melo
(trineta de Manuel dos Santos Pereira)
Inês de Faria Peixoto e Sousa Barbosa
(trineta de Manuel dos Santos Pereira) e
João Manuel Gomes
Joana da Cunha Pimentel Pereira Barbosa
(trineta de Manuel dos Santos Pereira)
João Maria Barbosa de Noronha Freire de Andrade
(trineto de Manuel dos Santos Pereira)
Joaquim Maria Oliveira Saavedra Barbosa
(trineto de Manuel dos Santos Pereira)
Leonor Saavedra Barbosa Fernandes
(trineta de Manuel dos Santos Pereira)
Manuel Filipe Barbosa de Noronha Freire de Andrade
(trineto de Manuel dos Santos Pereira)
Manuel Maria Pereira Barbosa
(trineto de Manuel dos Santos Pereira)
Manuel Pedro Torres Martins Coimbra Barbosa
(trineto de Manuel dos Santos Pereira)
Maria Benedita Oliveira Saavedra Barbosa
(trineta de Manuel dos Santos Pereira)
Maria João de Faria Peixoto e Sousa Barbosa
(trineta de Manuel dos Santos Pereira)