São 1800 m2 de antigo espaço industrial, inaugurado em 1928. As Carpintarias de S. Lázaro, em Lisboa, foram a base de muito do apoio dado à febre de construção dos anos 20/30 de Lisboa, no eixo da Avenida Almirante Reis. Portas, janelas e armários de prédios de rendimento foram ali executados, num sistema de cooperativa aberto a mais do que uma firma.
Após encerrarem em 2002, surgiram ideias e vontade de tirar partido da área, localização e vistas numa zona com poucos (ou nenhum) equipamentos culturais. Se o projecto original previa a compartimentação do espaço em vários usos, uma segunda avaliação entendeu que a sua maior mais-valia era a amplitude e versatilidade da escala. Vale a pena perceber como foi feita a recuperação – e que pode servir de inspiração para o futuro da Fábrica Confiança.
1. A intervenção seguiu uma regra simples: consolidar o existente e acrescentar o essencial.
2. A estrutura original em betão armado foi reforçada com tirantes metálicos, tendo ficado crua e sem revestimentos.
3. As redes (electricidade, iluminação, águas) seguem à vista, em calhas metálicas.
4. A divisão do espaço faz-se em painéis móveis (de acabamento cinza, igual ao betão) ou grandes reposteiros negros, que permitem em simultâneo dividir o espaço e melhorar a acústica.
5. As pontuais intervenções destacam-se pelo contraste com crueza do espaço: uma escada metálica escultural, curva e branca, de acesso a um piso intermédio; casas de banho e copa com acabamentos igualmente simples.
6. A estrela é a paisagem: a grande fachada envidraçada voltada às traseiras e o terraço, a inaugurar em Julho para usos variados.
Simplicidade e contenção foram a regra. A memória do local ficou no quer no espaço e nos usos, em que a versatilidade da programação cultural parece fazer eco à antiga carpintaria cooperativa.
A ideia é a seguida em inúmeras instalações fabris de um tempo que já não é o presente: reciclar os usos e lembrar as memórias como solução para um património que se quer funcional.